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quinta-feira, 22 de abril de 2010

...

Quero rasgar as cartas do jogo da vida
Colocam todas as decisões nas minhas mãos
Eu também sou indefeso, eu não sou um insensível
Quero rasgar meu peito e te mostrar o quanto eu sinto
Olha aqui dentro o quanto eu choro, você nem imaginava

Quanto mais eu grito, quanto mais eu canto, essa dor só aumenta
E esse bolo em minha garganta pra abafar meus versos
É difícil estar bem, é difícil ser alguém
Cujo no mundo não encontrou ninguém que amparasse sua dor

Eu sei que...

sábado, 17 de abril de 2010

Espelho,

me vejo no chão, caido, sorrindo, eufórico a rolar pelo cinza do tempo
me vejo no mar, no fundo, la dentro, tentando remar, banhado em lamentos
me vejo no sol, confuso, distante, o calor faz soar, faz-me ranger os dentes
me vejo em você, alegre, sem medo, é tanto amor que guardo em segredo

terça-feira, 13 de abril de 2010

Diafragma

Muita calma para respirar
Sinto o sangue na veia gelar
Um vazio que invade o peito
Um vazio que ocupa lugar
Muita calma para respirar
No compasso da valsa da vida
Desfalecendo de vagar
A cada sopro que dão as narinas
Muita calma, e se poder parar
Pare agora e vá descansar
No leito viajante do vento
Tua paz poderá encontrar

domingo, 4 de abril de 2010

Esquecerei...

Por que eu faço planos e tenho sonhos
E talvez um dia você aprenda a me enxergar
Você entenda a minha essência deixe de lado as aparências
Eu já errei, nunca neguei, porém Juiz nunca foi lei
Não dou motivos, tenho argumentos e sei das vezes em que falhei

De certo você não vai dar o braço a torcer
De certo o certo será sempre você...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Não disperdice os bons momentos da vida!

Aliocha já estava para sair, mas, de repente, aproximou-se de Natacha, pegou-a pelas mãos e sentou-se ao seu lado, olhando para ela com uma ternura indizível.
- Natacha, minha amiga, meu anjo, não se zangue comigo e não vamos brigar nunca mais. Dê-me sua palavra de que sempre em tudo vai acreditar em mim e eu em você. Agora, meu anjo, vou lhe contar o seguinte: um dia, nós estávamos brigados, não me lembro por que; eu fui culpado. Não falávamos um com o outro. Eu não queria pedir perdão primeiro, mas sentia-me terrivelmente triste. Vagava pela cidade, sem destino, ia à casa dos amigos e tinha no meu coração um peso tão grande, tão grande... Veio-me então à mente: o que aconteceria, por exemplo, se você adoecesse e morresse? Quando imaginei isso, tamanho desespero tomou conta de mim, como se eu realmente tivesse perdido você para sempre. Surgiam pensamentos, um mais penoso que o outro. E aí, cheguei a imaginar que fui ao seu túmulo, cai em cima dele quase sem sentidos, abracei-o e fiquei imóvel com a angústia. Imaginei como ia beijar esse túmulo, chamá-la de lá, nem que fosse por um minuto, implorar a Deus um milagre, para que você ressuscitasse por um instante e aparecesse na minha frente; eu me vi correndo para abraça-lá, apertá-la contra mim e beijá-la; pareceu-me que naquela hora eu ia morrer de felicidade por poder abraçá-la como antes, pelo menos por um minuto. E quando eu estava imaginando tudo isso, pensei, de repente: vou pedir a Deus que me deixe ver você por um instante, no entanto você está comigo há seis meses e nesses seis meses nós brigamos tantas vezes ficamos sem falar um com o outro! Dias inteiros passamos brigados, menosprezando nossa felicidade, e agora, eu aqui chamando você do túmulo por um minuto, disposto a dar por ele toda a minha vida!... Quando me dei conta disso, não aguentei mais, corri depressa até você, vim aqui e você já estava me esperando, nós nos abraçamos, depois daquela briga, e lembro-me de que a apertei contra mim com tanta força, como se realmente a estivesse perdendo, Natacha! Não vamos brigar nunca mais! Isso pra mim é tão penoso! Meus Deus, será possível pensar que eu deixe você?
Natacha chorava. Os dois se abraçaram fortemente e Aliocha jurou mais uma vez que nunca a abandonaria.


Trecho do livro 'Humilhados e Ofendidos' - Fiodor M. Dostoiévsk