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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dead Memories - Capitulo I - Parte I


“Ela tem os olhos castanhos, a pele branca, seus cabelos eu não conseguiria dizer, pois esta sempre tingindo, acho que eram negros, deviam ser... (Ao ler ela me xingou e disse que eram louros).”


Capitulo I

Era fim de Outubro e o ano era 2007, eu estava no colégio, estava contente contando para meus colegas sobre a viagem que ia fazer no fim de semana, ia de encontro a meu pai e minha mãe para vermos a casa que eles queriam alugar na cidade onde morava (ainda mora) minha avó. Lembro-me que fui chamado pela inspetora que mandou que eu guardasse meus materiais, pois meu tio me esperava. Obedeci. Meu tio me conduziu até minha casa sem dizer uma palavra, ele tem esse hábito de andar calado quando esta preocupado com alguma coisa. Chegando em casa ele pediu que eu arrumasse minha mala com urgência enquanto ele ajudaria minhas irmãs a fazerem as delas. Eu sou o filho mais velho e na época minha irmã caçula tinha onze anos, a do meio treze que havia completado em Outubro e eu estava com meus quinze. Eu arrumava a mala com pressa enquanto olhava para o vão da porta vendo meu tio passar pelo corredor apressado de um lado para o outro, sem parar, eu não aguentei, sabia que havia acontecido alguma coisa e questionei. Foi então que com o olhar mais triste, receoso e acolhedor ele me disse – Seu pai sofreu um acidente de moto e esta no hospital. Não se Preocupe não foi nada grave! – Mais no fundo eu já sabia que aquelas palavras eram apenas para amenizar algo que ele pensava crescer em mim. Porém a única coisa que eu sentia naquele momento era um vazio e uma enorme vontade de poder voltar atrás de alguns atos cometidos.
Eu havia brigado com meu pai duas noites antes dessa noticia e desde então não havíamos nos falado mais.
Calei-me, terminei de fazer a mala, tomei meu banho e me arrumei como que para uma viagem normal, logo chegou o melhor amigo de meu pai que ia nos levar até a cidade onde estavam. No caminho eu cochilei várias vezes. Durante toda a viagem eu acreditava que iria chegar fazer as pazes com meu pai e trazê-lo de volta pra casa e apresentar-lhe minha nova paixão. Caroline era seu nome. Meus pensamentos foram interrompidos quando carro parou no acostamento – Queimou a vela – Disse nosso condutor. Tivemos que esperar um guincho, que demorou uma eternidade para chegar, por sorte o carro da policia encostou perto de nós quase que sincronizado com o guincho.
Esqueci de dizer que meu pai era policial assim como seu amigo. Eram amigos de farda, de farra, de tudo e eram leais um ao outro principalmente nessas horas difíceis. Ocorreu que os policiais nos deram uma carona, pois era caminho deles e agora deviam faltar apenas vinte ou trinta quilômetros para chegar à cidade. Esprememo-nos minhas irmãs, meu tio e eu no banco de trás da viatura que era um gol muito apertado. Chegando à cidade eles nos deixaram na casa de minha avó e como eu pensava a situação era muito pior do que haviam me contado. O sorriso que eu trazia no rosto, agora se derretia por conta dos últimos fatos dando uma nova forma a minha face. O formato de uma mascara, feita especialmente para mim, escondendo assim meus medos, meu ódio, minhas lágrimas. Nessa primeira viagem minha mãe não nos deixou visitar meu pai e eu também preferi não ir, eu sei que seria um choque ver meu ídolo daquele jeito, todo desajeitado numa cama de UTI.
Passadas três semanas os médicos diziam que ela já estava se restabelecendo e que logo poderia ser transferido para São Paulo onde os cuidados seriam bem melhores por conta do convênio da Policia Militar. Ao saber da melhora eu fui visitá-lo. Ao entrar na sala um dia depois de seu aniversário eu via um Maia de rosto inchado, cabeça raspada e ainda meio desengonçado na cama e estava inconsciente. Fiquei ali por volta de dez minutos observando os aparelhos ligados a ele, enquanto minha mãe e minhas irmãs faziam carinho nos seus dedos. Ouve sinal de resposta. Ele tentava abrir os olhos, e esboçava um sorriso, aquele velho sorriso que nos contagiava, porém menor, ele mexeu as mãos e minha mãe quase se desfez em lágrimas, e admito que tive de ficar calado, pois qualquer palavra que tentasse sair de minha boca desencadearia uma choradeira inconsolável que eu guardava a tempos. A essa altura eu já havia conhecido meus parentes que são parte muito importante da história.
Ulisses, Tânia e Hellen. Não vou citar o nome dos outros familiares, pois tem papeis pequenos aqui, talvez apareçam mais a frente, porém, ainda é um talvez. Ulisses é primo da minha tia por parte do pai dela que não é o mesmo pai da minha mãe, eu o considero como meu tio. Tânia é prima do meu pai, não me lembro bem por qual parte, mais esta é minha prima de sangue, mulher de Ulisses e madrasta de Hellen que por sua vez não é minha prima por laços sanguíneos, mais eu a considerei assim. Essa família se fez muito prestativa reatando os laços de amizade que por parte do meu pai eram grandes, porém eles não se viam desde a juventude quando meu pai veio da Bahia para Campinas pra ter condições de sustentar a mim e a minha mãe. De fato ele conseguiu e não foi só a nós que o Sgt. Maia foi prestativo, mais a muitas pessoas que precisaram da sua ajuda. O Ulisses eu já conhecia pelo apelido de Cabeludo, apelido que ganhara ainda na juventude por usar cabelo grande e a Hellen
Ulisses e Tânia sempre nos levavam para a cidade onde meu pai estava internado e também foram visitar o leito dele conosco aquele dia. Tânia chorou muito; até hoje ela chora quando eu vou pra lá e agente começa a falar das virtudes e manias do meu ídolo. Eu não me deixo chorar, mais são evidentes as lágrimas presas na parte inferior de minhas pálpebras prontas para desabar a qualquer momento, assim como agora.


Poeta Diluído - Dead Memóries - Capitulo I - Parte I - Por Dustin Maia

4 comentários:

piedadevieira disse...

Que linda história de família! A casa da avó,nunca tive uma, por isso acho lindo citar com carinho.
Vou acompanhar com muito gosto.
Beijinhos

Guilherme Navarro disse...

Quando vejo esses contos com partes e capítulos sempre fico ansioso para ler. E a ansiedade valeu a pena. Acompanharei.

Guilherme Navarro disse...

Quando vejo esses contos com partes e capítulos sempre fico ansioso para ler. E a ansiedade valeu a pena. Acompanharei.

Guilherme Navarro disse...

Quando vejo esses contos com partes e capítulos sempre fico ansioso para ler. E a ansiedade valeu a pena. Acompanharei.