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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

De volta ao meu sorriso

                Não me lembro mais quando foi a ultima vez em que vi o sol brilhar assim, dentro daquele quarto escuro tudo que eu podia ver, ainda que meio apagadas, eram as garrafas de Gim espalhadas ao chão. Um cheiro inconfundível de álcool, cigarro e morte. Sim, morte, pois eu morria a cada minuto trancado ali, todos os dias por volta da meia noite eu acordava em meio a escuridão, sentia os lençóis manchados, sujos e meu corpo exalava um cheiro que me lembrava a cenas que vi andando por São Paulo.
                Eu andava muito mal e creio que já estava naquele estado há duas semanas ou mais, comia o que havia no armário, sem preocupar-me com a data de validade. Não é um prato que recomendariam num restaurante, porém, era o que havia ali.
                Depois de um tempo eu já não me sentia mais, me lembro de ter uma visão horizontal da porta do quarto se abrindo, este era o ângulo de visão que me deitar ao chão me proporcionava. Primeiro a porta se abriu trazendo uma forte luz que me forçou a fechar os olhos. Consegui abri-los novamente e vi uma silhueta se formar em meio ao branco do portal.
                Quem poderia acreditar que ela voltou pra me buscar, pra me salvar, de mim. Eu não! E questionei. Não houve tempo de haver resposta, após falar eu apaguei e acordei aqui, novamente sem ninguém. Quarto branco, aparelhos, agulhas ligadas a tubos fincadas em meus braços. Hospital. De tudo isso, me restou a vida. E essa vontade de gargalhar a todo tempo! Vamos viajar? :D


Poeta Diluído – Por Dustin Maia – De volta ao meu sorriso. SE FOR COPIAR NÃO SE ESQUEÇA DOS CRÉDITOS.

4 comentários:

piedadevieira disse...

Magnífico texto. Retrata a realidade em que vivemos nas horas de abandono sem uma palavra amiga para nos mostrar que o sol brilha para todos.Que voltem os sorrisos!

M. disse...

Ah, o sol sempre brilha, como ela disse, talvez demora um pouco, mas..
ótimo texto <3

Vivian disse...

...engraçado que esta luz
existe latente dentro de nós,
mas nem sempre lembramos do
interruptor.

um beijo, meu menino querido!

Tatiane Trajano disse...

Saudades de te ler Dustin, mó tempão que mandei um e-mail pra você.

=******