Não me lembro mais quando foi a ultima vez em que vi o sol brilhar assim, dentro daquele quarto escuro tudo que eu podia ver, ainda que meio apagadas, eram as garrafas de Gim espalhadas ao chão. Um cheiro inconfundível de álcool, cigarro e morte. Sim, morte, pois eu morria a cada minuto trancado ali, todos os dias por volta da meia noite eu acordava em meio a escuridão, sentia os lençóis manchados, sujos e meu corpo exalava um cheiro que me lembrava a cenas que vi andando por São Paulo.
Eu andava muito mal e creio que já estava naquele estado há duas semanas ou mais, comia o que havia no armário, sem preocupar-me com a data de validade. Não é um prato que recomendariam num restaurante, porém, era o que havia ali.
Depois de um tempo eu já não me sentia mais, me lembro de ter uma visão horizontal da porta do quarto se abrindo, este era o ângulo de visão que me deitar ao chão me proporcionava. Primeiro a porta se abriu trazendo uma forte luz que me forçou a fechar os olhos. Consegui abri-los novamente e vi uma silhueta se formar em meio ao branco do portal.
Quem poderia acreditar que ela voltou pra me buscar, pra me salvar, de mim. Eu não! E questionei. Não houve tempo de haver resposta, após falar eu apaguei e acordei aqui, novamente sem ninguém. Quarto branco, aparelhos, agulhas ligadas a tubos fincadas em meus braços. Hospital. De tudo isso, me restou a vida. E essa vontade de gargalhar a todo tempo! Vamos viajar? :D
Poeta Diluído – Por Dustin Maia – De volta ao meu sorriso. SE FOR COPIAR NÃO SE ESQUEÇA DOS CRÉDITOS.
4 comentários:
Magnífico texto. Retrata a realidade em que vivemos nas horas de abandono sem uma palavra amiga para nos mostrar que o sol brilha para todos.Que voltem os sorrisos!
Ah, o sol sempre brilha, como ela disse, talvez demora um pouco, mas..
ótimo texto <3
...engraçado que esta luz
existe latente dentro de nós,
mas nem sempre lembramos do
interruptor.
um beijo, meu menino querido!
Saudades de te ler Dustin, mó tempão que mandei um e-mail pra você.
=******
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